segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Propaganda é a Alma da Negociata

No início propaganda era uma maneira de divulgar um produto ou serviço, com o simples e justo objetivo de aumentar sua demanda. Com a expansão do mercado os instrumentos de marketing se difundiram e os consumidores, munidos de opções, passaram a ter uma nova relação com o ato de consumir. Antes, consumir era um caminho curto, da necessidade, ou desejo, até o balcão de um estabelecimento tradicional do bairro. Agora, consumir envolve questões de status social, análises de custo/benefício, oferta e comodidade, questões estéticas, filosóficas, etc.

Nesse contexto competitivo foi fácil perceber que um letreiro descomunal e colorido fazia vender mais que a concorrência, mesmo que a qualidade e preço dos produtos ofertados fossem os mesmos. Então, o inevitável passo seguinte foi a criação de atributos fantásticos, somente oferecidos naquele determinado estabelecimento, ou por aquele determinado produto. A folclórica propaganda enganosa, que começou inocente, falando que o meu branco é mais branco, que minha vitamina é mais vitaminada e por aí foi.

Assim chegamos a esse ponto de “chora menos quem pode mais”, onde produtos de qualidade inferior, achatamento de salários, caixas dois, contrabando, propina, estelionato, extorsão e latrocínio são meros meios para um fim - o santo lucro.

Quando ligo a televisão e vejo a “Propaganda Eleitoral Gratuita” eu penso - será que ninguém enxerga o óbvio?!

A tela da TV aceita tudo, se o fulano botar capa e ficar na frente de um “chroma key” ele voa. Ele pode falar que pagou a dívida externa, pode falar que a saúde está à beira da perfeição, ele pode defender a qualidade do ensino público com toda convicção do mundo. Ele inclusive não precisa falar, porque um locutor de voz sedutora o fará de maneira muito mais persuasiva e eficaz. A isso, juntam-se imagens deslumbrantes de nossa nação continental, vídeos de pessoas visivelmente humildes, mas felizes, músicas elaboradas para tocar o coração das massas...e voilá! Até eu ,que desdenho o(a) candidato(a), me pego conjeturando sobre votar nele(a).

Produções Hollywoodianas, investimentos exorbitantes, para vender o mesmo peixe que você compra na esquina, o mesmíssimo peixe. Quer dizer, sabemos que o objetivo real não é vender o peixe, mas sim superar a concorrência - e a concorrência se derruba na base do marketing, da propaganda, da chinelada.

Quem é o melhor, quem é o pior? Podemos divergir respondendo essa questão. Quem tem a melhor propaganda? Essa é fácil responder, é aquele que está ganhando nas pesquisas. As exceções existem, mas a regra em geral é essa, óbvia e cretina. A questão vai tão longe que as políticas públicas são adotadas por critérios "marketeiros". Investe-se no que se pode reverter em imagem, popularidade – voto.

Toneladas de dinheiro em prol de um ideal de servir o país? Que servidão é essa? Alianças escusas, favores velados, conchavos.

Eu defendo uma propaganda política em que o candidato apresente suas idéias encarando a câmera, ilustrando suas propostas de maneira a se fazer entender, não esse atacado de idéias vendáveis que temos hoje. A justiça eleitoral deveria apregoar o currículo dos candidatos em locais públicos, ao acesso dos que mais precisam dessa informação. É uma questão de coerência, não iniciar um mandado endividado e enrabichado. É um desperdício de recursos, é uma covardia e uma arbitrariedade com o futuro do país. E há quem defenda essa prática como uma maneira de segurar o eleitor na frente da TV, porque horário político não tem que ser enfadonho.

Enfadonho é o nosso fardo!

Um comentário:

  1. Estou gostando muito do Blog.
    Vou mas, volto.
    Deixo meu endereço.
    Pode entrar.
    Você é muito bem-vindo.
    Fica o convite.
    Paz e Poesia,
    Ci.

    cimaneski-poeta.blogspot.com
    ou
    www.ceciliafidelli.blogspot.com

    ResponderExcluir